Saída do litoral é possível por rotas parcialmente liberadas

13/03/2011 14:46

 

Governo forma Comitê de Gestão de Crise. A recomendação continua sendo para que as pessoas não viajem para o litoral.

Gazeta do Povo

Após as chuvas fortes que atingiram o litoral desde a última quinta-feira (10), não há água mineral para se comprar em Antonina neste domingo (13). As vítimas devem recorrer à Defesa Civil, que distribui água potável e alimentos na Estação Ferroviária da cidade. O abastecimento está comprometido, principalmente, no Centro e Batel. Com relação às estradas, a BR-376 e a Estrada da Graciosa foram liberadas parcialmente. A orientação é para que se pegue a estrada somente em casos de extrema necessidade.

O último balanço da Coordenadoria da Defesa Civil é de que havia 6.380 pessoas desalojadas e 1.085 desabrigadas. Além disso, o governo do Paraná montou um núcleo para combater a crise, porém, não há informações sobre liberação de verbas.

Antonina

A informação de que não há água mineral para se comprar em Antonina foi passada prefeito do município, Carlos Augusto Machado, e confirmada pela reportagem da Gazeta do Povo na tarde deste domingo.

Não há como chegar ao município por via terrestre, a reportagem chegou a Antonina em um barco da Capitania do Paraná que se deslocava para a cidade para levar donativos.
 

O Centro e o bairro Batel estavam sem abastecimentos de água.


A região mais afetada em Antonina pela chuva foi a do bairro Laranjeiras. O que se pôde observar logo na chegada ao município é de que há muitas casas soterradas. As ruas próximas à rodoviária estão cheias de barro, porém, os veículos ainda conseguiam passar com dificuldades.

As vítimas de Antonina podem conseguir alimentos, água e leite na estrutura montada pela Defesa Civil, na Estação Ferroviária.

Segundo o levantamento da prefeitura, 200 pessoas estão abrigadas em igrejas da cidade.

A Defesa Civil havia liberado a entrada dos moradores da região do Mirante das Pedras, no Centro, em suas casas, para que tentassem salvar alguns pertences. A autorização foi suspensa porque havia risco de deslizamentos de terra e de pedras do morro.


Estradas

A BR-376 foi parcialmente liberada entre os Kms 672 e 664, entre Guaratuba e Tijucas do Sul na noite de sábado (12), por volta das 19 horas. Neste domingo pela manhã, para percorrer o trecho de oito quilômetros, os motoristas levavam cerca de duas horas, segundo a Polícia Rodoviária Federal. “Pode haver queda de barreira a qualquer momento”, alerta o inspetor Fabiano Moreno, da PRF. A recomendação da PRF continua sendo para que somente as pessoas que têm extrema necessidade peguem a estrada.

Na manhã deste domingo a BR-277 permanecia interditada entre Morretes- Curitiba, apenas carros de emergência e donativos estavam sendo liberados. A previsão da Ecovia é que parte da pista seja liberada a partir do meio-dia.

Além da BR-376, houve também a liberação da Estrada da Graciosa (PR-410) no sábado. Com isso existem opções para deixar o Litoral do Paraná neste domingo. A Polícia Rodoviária Estadual (PRE) informa que a Estrada da Graciosa deve ser utilizada somente para deixar Morretes. Há riscos de novos deslizamentos de terra e a PR-410 pode ser fechada a qualquer momento. A Estrada da Graciosa é de pista simples e paralelepípedos, por isso requer atenção especial.

O órgão alerta que a rodovia não deve ser usada por quem quer descer a Serra do Mar porque irá atrapalhar o serviço dos caminhões que levam donativos à população litorânea atingida pela chuva.

Confira alguns caminhos para deixar o Litoral do Paraná em caso de emergência:

De Matinhos e de Pontal do Paraná

Trafegue pela PR-407 até a PR-412 (Guaratuba) e depois para o ferryboat. Após a travessia, siga ainda pela PR-412 até chegar à entrada de Garuva (SC). Depois acesse a BR-101 e então siga pela BR-376. A PRF alerta que o trânsito na 376 está bastante complicado.

Morretes

Para deixar o Litoral, o motorista deve entrar na Estrada da Graciosa (PR-410) e seguir até a ligação com a BR-116, onde deve pegar a pista de retorno para Curitiba. A PRE informa que o policiamento na Estrada da Graciosa foi reforçado, bem como a sinalização na rodovia.

Antonina

A rodovia PR-408 ainda está interditada. Em casos emergenciais, a orientação é para que a população procure a Polícia Rodoviária Estadual, a Polícia Militar, o Corpo de Bombeiros e Defesa Civil. Esses órgãos estão auxiliando a população a sair de Antonina em situações de urgência.

Paranaguá

Quem está em Paranaguá deve seguir pela área urbana até a PR-407 (Pontal do Paraná). A PRE alerta que não se deve trafegar pela BR-277 – que está interditada e onde há risco de novos desabamentos.

O motorista vai seguir pela PR-407 até PR-412. Siga pela rodovia até o ferryboat. Depois continua nessa estrada até a entrada de Garuva (SC). Depois acesse a BR-101 e então siga pela BR-376. A PRF alerta que o trânsito na 376 está bastante complicado.

 


 

A estimativa da PRE é de que as pessoas que estão na PR-412 (Guaratuba) devem levar entre 4 e 6 horas para conseguir chegar a Curitiba.

Com a trégua dada pela chuva na tarde deste sábado, as equipes conseguiram fazer a limpeza dos trechos mais complicados para que a rodovia fosse aberta de forma provisória. Ainda existe a possibilidade da rodovia ser fechada caso as condições climáticas voltem a piorar.

As equipes continuam trabalhando nem nos quatro pontos mais críticos na BR 277, nos quilômetros 13, onde o asfalto cedeu, 18 e 24 onde houve queda de ponte e no 26 que está com a cabeceira comprometida.

Possíveis desvios

A recomendação da PRF e da Autopista continua sendo usar os caminhos alternativos. Os motoristas que precisam ir de Santa Catarina para o Paraná e estão na BR-101/SC podem sair da rodovia no km 113 (região de Itajaí), acessar a BR-470/SC (passando por Blumenau, Ibirama e Rio do Sul) até a cidade de São Cristóvão do Sul (SC) e pegar a BR-116 até Curitiba.

Quem estiver em Curitiba e precisam viajar a Santa Catarina podem fazer o caminho inverso: seguir pela BR-116 até o km 84 (São Cristóvão do Sul), acessar a BR-470/SC e chegar à BR-101/SC por Itajaí (km 113). A concessionária e PRF orienta para que os motoristas evitem utilizar a rodovia, porque ainda há restrição ao tráfego, e sigam por caminhos alternativos.

Na rota alternativa para quem vai ao litoral de Santa Catarina, passando pela Serra Dona Francisca, o congestionamento de 30 quilômetros que começou na tarde de sexta continua. A PRF diz que o tráfego está fluindo com bastante lentidão em função do grande número de veículos. A viagem demora em torno de 12 horas.


Governo forma Comitê de Gestão de Crise; mas não define ajuda financeira

A segurança e a saúde da população que reside no Litoral do Paraná são duas das principais preocupações neste momento após as fortes chuvas que atingiram a região. Essas questões foram discutidas em reunião neste domingo, da qual participaram o governador Beto Richa (PSDB), secretários de estado, representantes da Defesa Civil, da Ecovia, Copel, Sanepar, entre outros órgãos.

A estrutura de segurança da Operação Verão será mantida por pelo mais uma semana. Cerca de 300 policiais militares e 120 policiais civis permanecem no litoral. Além disso, o governo do estado informou que homens do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e da Polícia Técnica também estavam seguindo para a região. O objetivo é garantir a segurança nos municípios litorâneos e evitar que saques ocorram.

Com relação à saúde, equipes desceram para prestar os primeiros socorros já no sábado e levaram medicamentos para combater leptospirose, entre outros. Pacientes que fazem hemodiálise - e se tratavam em Morretes - foram transferidos para Curitiba por meio de helicópteros.

De acordo com o balanço passado na reunião, 200 pessoas estão em abrigos do governo do estado cidades do litoral e 10 mil estão desalojadas (na casa de parentes). A informação é de que parou de chover.

Verbas

O governador Beto Richa (PSDB) informou que entrou em contato com os ministros Fernando Bezerra, Nelson Jobim e Antônio Palocci, porém, ainda não havia nenhuma informação sobre liberação de verbas do governo federal. Jobim disse que poderia enviar tropas do Exército para o Paraná para auxiliar no socorro às vítimas, mas Richa respondeu que, até o momento, não era necessário.


Prefeito de Morretes pede ajuda para a reconstrução

O prefeito de Morretes, Amilton de Paula, fez um apelo aos governos estadual e federal para que liberem recursos para a reconstrução do município. “Os prejuízos com estrutura de estradas, pontes, escolas e postos de saúde devem ser de R$ 8 milhões a R$ 10 milhões”, diz o prefeito.

Entre as localidades mais afetadas estão, além de Floresta, os bairros Mundo Novo, Saquarema, Sambaqui, Morro Alto e Rio Sagrado. Segundo o prefeito de Morretes, a prioridade no momento é para socorrer as pessoas que ainda estão ilhadas e procurar pelos desaparecidos. “Nossa luta é para atender as necessidades básicas da população e para isso contamos com a solidariedade da população de outras cidades com a doação de cobertores, colchões, cestas básicas, roupas, agasalhos e qualquer tipo de mantimento”, pede Amilton de Paula.

Sobre a expectativa para a reconstrução do município, o prefeito disse que não há um prazo estimado já que Morretes não possui recursos financeiros para arcar sozinho com todo o prejuízo. “Não temos expectativa de reconstrução com recursos próprios porque os estragos foram muito grandes. Desde já faço um apelo ao governador Beto Richa e à presidenta Dilma Rousseff que nos ajudem na reconstrução de nossa cidade”.

Mortes em Antonina

No sábado, a Defesa Civil do Paraná chegou a relatar uma terceira morte em razão das chuvas que castigam o Litoral do Paraná. Porém neste domingo, a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil de Morretes divulgou uma nota informando que como o corpo não foi encontrado, essa vítima passou a integrar o número de pessoas desaparecidas.

Duas pessoas morreram soterradas depois que um deslizamento de terra provocou o desabamento de casas em Antonina nesta sexta-feira (11), segundo o comandante do Corpo de Bombeiros de Morretes e Antonina, tenente Taylor Machado. Segundo o último boletim da Defesa Civil Estadual, o número de afetados pela chuva nas cidades do Litoral do Paraná chega a 21.268 pessoas. A chuva danificou 6.588 residências, deixou 8.090 desalojados e 706 desabrigados. Os bombeiros ainda realizam buscas por pessoas que estariam desaparecidas em Morretes.

“Além da chuva de sexta-feira, houve um segundo evento na madrugada de sábado que afetou o município. Casas ficaram com água até o telhado, bombeiros perderam viaturas e muitas casas foram destruídas”, explica Machado. Ele contou que postes de iluminação e casas foram completamente arrastados pela enxurrada.

O Colégio Estadual Rocha Pombo, que fica no Centro de Morretes, chegou a abrigar mais de 600 pessoas, mas pouco mais de 30 continuavam no local às 15h, depois que a chuva parou.

O serviço de telefonia fixa só começou a ser normalizado no município por volta das 14h30, assim como o abastecimento de água e a energia elétrica. Segundo o tenente, o serviço de telefonia celular continuava inoperante até a tarde deste sábado.