Acessos ao Porto de Paranaguá

14/03/2011 20:57

 

Fila de caminhões na BR-277 chegou a 11 km nesta segunda-feira (14).
Dois mil Vinícius Sgarbe Do G1 PR

Lari Paulo Weis está parado há seis dias. Primeiro no Mato Grosso, depois no Paraná - nos dois casos por causa dos estragos das chuvas (Foto: Vinícius Sgarbe/G1 PR)
Lari Paulo Weis está parado há seis dias. Primeiro no Mato Grosso, depois no Paraná - nos dois casos por causa dos estragos das chuvas (Foto: Vinícius Sgarbe/G1 PR)

Os acessos rodoviário e ferroviário ao Porto de Paranaguá estão bloqueados por causa dos estragos das chuvas do fim da semana passada. Ao todo, dois mil vagões de trem estão parados. A fila de caminhões em São José dos Pinhais, antes da praça de pedágio da BR-277, chega a 11 km nesta segunda-feira (14).

Na noite deste domingo (13), 160 caminhões foram autorizados a seguir para o porto, em uma operação especial. Quando eles chegarem, outros 160 vão poder seguir viagem.

Praça de pedágio, no sentido litoral, está vazia (Foto: Vinícius Sgarbe/G1 PR)
Praça de pedágio, no sentido litoral, está vazia
(Foto: Vinícius Sgarbe/G1 PR)

A concessionária responsável pelo trecho da BR-277 que liga Curitiba ao litoral do Paraná, a Ecovia, informou que no sentido Curitiba os acessos estão liberados, mas com pontos de estrangulamento; no sentido litoral apenas veículos leves podem passar (os pesados têm de esperar na fila). Pelo grau do dano em algumas pontes, é preciso seguir a risca as normas de segurança. Dos quilômetros 12 ao 29, o trânsito segue em meia pista.

Cinco pontes estão danificadas (dessas, duas caíram totalmente, no sentido litoral). Em três delas “a restauração é possível”, informa o gerente de engenharia e atendimento ao usuário da Ecovia, Davi Terna. No sentido litoral, as pontes dos quilômetros 18 e 24 caíram. As pontes dos quilômetros 26 e 29 serão restauradas. Ele afirma que “está descartada a hipótese de usar uma ponte do exército. Não há viabilidade técnica para isso”.

No sentido Curitiba, a ponte do quilômetro 26 passa por restauração ao mesmo tempo em que uma pista serve de acesso para os dois sentidos da rodovia. Os veículos passam por lá em grupos de 50 – primeiro os de um sentido, depois os do outro. “Não pode haver vibração demais, para não atrapalhar o tabalho. Os veículos têm que passar por lá com uma velocidade constante, entre 10 e 15 km/h. Não se pode nem deixar o carro morrer e dar a partida”, explica Terna.

O trabalho de restauração nessa ponte do quilometro 26 “deve seguir pelas próximas 72h e é trabado como prioridade”, completa. Se a estimativa se confirmar, na quinta-feira (17) a ponte terá uma pista para cada sentido.

“Algumas carretas chegam a 72 toneladas. (...) Mas as quedas foram por causa do grande volume de água”, explica. Sete desvios estão sendo feitos e devem ser concluídos em um “curto prazo”. A reconstrução das pontes que caíram deve levar seis meses.

O motorista de caminhão Lari Paulo Weis, de 52 anos, rodou três mil quilômetros até Curitiba. Ele saiu de Colniza (MT). No Mato Grosso, ficou parado por três dias, também por causa das chuvas, e agora espera desde sexta-feira (11) para seguir até o porto. Ele só reclama da questão da higiene pessoal. “A gente tem de ir no mato”, diz.

Ferrovia

Dois mil vagões estão parados, por causa das interdições (Foto: Vinícius Sgarbe/G1 PR)
Dois mil vagões estão parados, por causa das interdições (Foto: Vinícius Sgarbe/G1 PR)

A ferrovia que liga o interior do Paraná ao litoral apresenta seis pontos de interdição – causados por quedas de barreiras e acúmulo de lama. De acordo com o diretor de relações corporativas da ALL, Pedro Roberto Almeida, cem operários tabalham na recuperação. A previsão de liberação total é a próxima terça-feira (15) à noite.

Mil vagões estão cheios e esperam para descer a serra. Outros mil estão vazios, em Paranaguá, esperando para suir.

“Nós desviamos 30% das cargas para o porto de São Francisco do Sul (SC), mas ele não absorve tudo que precisamos”, contalibiliza Almeida.

Safra paranaense
A safra do Paraná neste ano será de 14 milhões de toneladas – 65% destinada à exportação, informa o gerente técnico da Ocepar, Flávio Turra. “Nossos destinos estão definidos e a maior parte [da safra] vai passar pelo Porto de Paranaguá”, diz. Mas antes de chegar aos navios, 70% da colheita passa por caminhões e 30% por trens. A maior parte é de soja, milho, trigo e farelo.

Há um estoque de alimentos no porto, suficiente para abastecer navios por mais uma semana (cerca de 800 mil toneladas). Três embarcações estão atracadas, 18 esperam para atracar e dez estão a caminho. O principal destino é a China.

De toda soja da safra, 38% já foi colhida e até o final de março o número deve subir para 65%. De acordo com Turra, se os prazos e condições de tráfego estimados pelas concessionárias da BR-277 e da ferrovia forem cumpridos, não terá havido nenhum prejuízo financeiro causado por condições adversas de transporte.